quinta-feira, 14 de maio de 2009

Maçã de Prata

Letras encontradas num baú com cheiro a frutos maduros, uma réstia de Cesário Verde, deambulando de saia na actualidade... São os poemas da Maça de Prata.

Desabafo da Menina

Era uma vez a menina
cheia de vivacidade
um dia escondeu-se no meio
de sete almofadas de idade

não acho bem essa sina
conforma-te ó menina
não acho bem essa sina
conforma-te ó menina

um dia apanhou o cabelo
pintou os olhos sem medo
não fez por esperar a verdade
encarou a mentira de frente
e assim sendo se libertou

pequena menina de cabelos ondulados
e pestanas alisadas
pequena menina

era uma vez a menina
cheia de vivacidade
um dia escondeu-se no meio
de sete almofadas de idade

não acho bem essa sina
conforma-te ó menina
não acho bem essa sina
conforma-te ó menina

um dia apanhou o cabelo
pintou os olhos sem medo
não fez por esperar a verdade
encarou a mentira de frente
e assim sendo se libertou
do cordão que atava a vontade
assim sendo se libertou
do cordão que atava a vontade.

Fruto

Um dia vivi no passado, senti as muralhas e os becos cheirosos
Levei uma saia rodada, senti-me olhada e envergonhada
Deixei
Então as pinturas usadas e o blush rosado na mala em casa
Pintei,
Em vez, um desenho encarnado e abstracto, ache que era inato e
Empenhei

Vivências que achamos pirosas e pouco airosas embalam o futuro
Pitadas de risos e camadas de sonho empilhados no canto da mente

Viajo por campos de milho e relva cortada ao calor do sol
E sinto que guardo comigo este fruto que cheira a saudade e pele queimada
Partilho contigo este dom que sabe a mar e terra molhada
Fantasio sobre noites passadas à beira de cães e pessoas ousadas

Dias menos produtivos e cheio de sinos maltratam o coração
Fornadas de choro calado e meio oprimido que ficam nos rés-do-chão

Pequeno é o sonho
Melhor então a vida.

Letras: Cheila Cunha para Maçã de Prata

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