A veia poética dos NINFO. Neste baú encontrámos as metáforas das relações a dois, as vicissitudes da arte, a velhice, todos conceitos universais que são tão bem tratados pela caneta-espada destes nossos MARujos.
Trilhos
Muros criados em dias sem luz
Palavras pensadas que não consigo dizer
Emoções contidas na paz que me seduz
Parto neste barco para algo fazer
São brancas as folhas onde me exprimo
Negras as linhas por onde caminho
Contrastes que habitam em mim
Visões que me atormentam
São dias sem fim
E tu sentes
Não consigo ver
E tu vês
Sem eu perceber
E navego
Sem a tua vela
Onde me perco
Ao beijar a tua tela
Faróis protegendo
Almas sem rumos
Mare vazios
É fogo sem fumo
Quero gritar o que sinto
Sem medo de espelhos
A minha dor reflectindo
São noites os dias
Em que acordo sem mim
Deixei-me num porto
Levado por um mar sem fim
Deixaste-me só
Fiquei apenas comigo
É melhor vou crescer
Leva-me apenas contigo
Em ti...
Agora Nós
Acordo junto a sonhos
Que empurram para o dia
Em que provo o sabor
De tocar esta minha fantasia
Sonhas com a fama
E o que possa trazer
Vivo por paixão
Pela música que possa fazer
Agora nós
Há contas a acertar
Cunhas esgotadas
E o valor a provar
Suando
cada nota que imagino
Amando
cada palco que piso
Sentindo
essa dor no céu espelhada
Quando
a morte alcança uma guitarra
Vidas fúteis
Por vidas úteis lutando
Desejo-te mais do que nunca
Arrepias-me do coração à nuca
Sem Rosto
Parado no nada com destino incerto
Teve uma vida contida num livro aberto
Uma cara que conta anos marcados
Lágrimas que vêm
Com sorrisos passados
Começa o dia sem saber se acaba
Morreu a alegria só o corpo se salva
Já nada interessa para quê essa pressa
Sem rosto
Passas por ele não lhe ligas/ o vês
Sem custo
A indiferença que abrigas/ tu és
Utopias que habitas
Uma casa te espera
Nem te lembras de vidas
Não queres saber pudera
Letras: Rúben Real para NINFO - 2002
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