Canto o sal e sol e sombra e nada
a calma certa azul na mão
e sem pudor a falsa salta
cai incerta, rubra cai.
Não se rasgou esse selo
mas nada te segue em vão
longos novelos na lama,
cálida a mão quebrou
secou
No céu velado de outras faces
no silêncio pós-ardor.
No chão, na cal apaixonada
canta e cai o sol é seu.
Não se rasgou esse selo
mas nada te fere em vão
longos novelos na lama,
gélida a mão secou
quebrou
A cor acalma, a areia passa
deixa um mundo, um fundo só
quebrou a chama mal-fechada,
chega o falso e sem terror...
Cai derrotado o novelo
pela canção abriu.
Ínfima a sombra revela
lágrimas, mãos a dois
a deus.
Saia
Levanta mais a tua saia
que o vento assim não ouve as tuas pernas cantar
dançar
nas tuas ancas é segredo
mas basta o
mar
subir
pelos poros, dois pólos tocados, chocados, abertos
A dança também contracurva o olhar primeiro
será fim, será fogo
da saia que sobe, que canta que sobe e que toca a fugir
sempre dentro de mim a fugir
Levanta mais os meus dois olhos
que o mundo assim não sonha as tuas pernas chegar
cantar
nas tuas ancas mete medo
mas basta o
mar
subir
pelos poros
A dança também contracurva o olhar primeiro
da saia que sobe, que canta e que sobe e que toca a fugir
sempre dentro de mim a fugir
A dança também contracurva o olhar primeiro
será fim, será todo
da saia que sobe e que canta e que sobe e que toca a fugir
sempre dentro de mim a fugir
SenTi
Senti
Nos calmos cabelos a sombra da
luz inteira, quente e cheia, cheiros longos
lua a sol,
Venci
As hordas as vespas as ondas
subi bandeiras, quartas-feiras quis mentiras
dancei só
Perdi
Quando os teus lábios cansei
por pensar que eram rotina
Estes passos para ti
danço Abril canto a cair
volto à rua de onde vim sem ti
Cantei
A cor e segredos que sinto por ti
a volta, sonho as voltas, quero a mão que
agarra a mão
Perdi
Quando os teus lábios larguei
por julgar que eram mentira
Estes passos só p'ra ti
danço Abril quero cair
junto ao berço dos teus olhos
canto Abril quero-te a ti
ser o braço dos teus berços.
O Pássaro
À falta de penas
cumpri outro ar
que sabem os homens
do triste bater das almas
Vi lagos abertos
fantasmas sem luz
que querem os astros
do lento saber dos erros
Incêndios da calma, na boca o veloz enterro
Inventos pecados são facas sem medo.
Grinaldas de oliva
um ninho no alto
o mundo espalmado
o doce bater das palmas
Incêndios da calma, na boca o veloz enterro
Inventos pecados são facas sem medo.
Letras: Gonçalo Miragaia para Pássaro - 2009
bela poesia camarada...
ResponderEliminaré sempre refrescante ler algo com sentido..e numa construção lírica cuidada mas sem lhe retirar a beleza