Misericórdia
Não se engana nunca o sangue
nem mesmo quando escorre pela rua
e se as mãos explodem de raiva pura
melhor pescoço não há do que o teu
poupa-me a estrada
tirem-me o sono
acordem-me de novo
para um sério
pede-me de volta esse teu... nojo
que parece perguntar:
-"porquê eu?"
serei eu só quem tem pena de si?
pois então não quero
que tenham pena de mim!
numa modesta ocasião
testei o teu limite
sei agora que não tenho voz
por mais que eu grite
e se com o dedo pressionado
numa ferida eventual
sei que existem histórias
que acabam sempre mal.
Rodada Saia Cega
Calculado sentimento de recusa
inebriado só pela repulsa
dos batimentos descompassados
da própria cidade
um homem sério que seriamente nela habita
vagueia pelas correntes que ele próprio debita
forjando laços de enrodilhados
de falsa humanidade
por isso é
com certo receio que eu
recebo de braços abertos quem
é de corpo e alma prisioneiro
e quem tem dúvidas sobre isto é
vítima da própria cidade.
A Espia, a Outra e a Estranha
Todo eu
trigo
todo eu
sentido
mesmo de chuva
mesmo de chuva assim
sem pé
e é toda uma manhã
é só uma manhã
que se vai
que se esvai
que me trai.
Inversa Direcção
Põe a ferida no sal
que eles não sabem
que é tão bom cair no mal
e quem vem
na minha direcção
quem traz essa informação.
Letras: Bruno Broa e Miguel Pires para A Estranha
"Em todas as ruas me encontro,em tuas as ruas te perco
ResponderEliminarConheço tão bem o teu corpo,
Sonhei tanto a tua figura,
que é de olhos fechados,que ando, à tua procura..."
M.Cesariny
N há metáfora maior,do que a palavra de segredo senhor...
A vossa veia, é o toque q a minha alma bebe...